Voltei a morar na cidade de São Paulo em 2010. Estudei e morei por lá de 1976 a 1983. Como um bom caipira, nunca fui um grande amante da cidade, apesar de seus bons dotes. E o que mais me assustava era o trânsito, pois passa-se horas nele e é uma perda de tempo que é difícil ser digerida para quem mora em uma cidade até 150 mil habitantes. Percebi que algumas coisas prazerosas deixariam de ser feitas 100%, pois tudo tinha que se encaixar na nova rotina.
Com o aparecimento do aplicativo WAZE, melhorou bastante a minha vida. Habitualmente eu fazia o trajeto até o meu trabalho entre 40 e 50 minutos. Mas, qualquer problema que houvesse no caminho, poderia se ficar até mais de duas horas.
Eu escutava rádio de trânsito, tentava caminhos alternativos, que muitas vezes piorava o tempo, e chegava em casa irritado, desgastado. Fora que eu dizia que, quando eu ficava mais de uma hora no trânsito, meu bom senso abria a porta e ia embora, me deixando sozinho, batendo boca com os outros motoristas, também irritados como eu.
Depois que apareceu o WAZE, no máximo demorava uma hora, uma hora e quinze para chegar em casa, mesmo com chuvas, enchentes, árvores caindo, passeatas, etc.
Depois eu percebi um outro benefício no WAZE. Como ele marca a hora que você vai chegar, minha ansiedade diminuía muito. Mesmo com o trânsito mais lento do que de costume, eu sabendo que chegaria naquele tempo, me aliviava muito.
E outro dia, pensando na angústia das empresas que estão em dificuldades devido à pandemia do COVID-19, fiz uma analogia em relação ao caminho a ser seguido por estas empresas.
Se a empresa está muito endividada, fluxo de caixa com problemas, dificuldade nas vendas, margens de contribuição ruins, o que fazer para se tentar trilhar por um caminho melhor? Descobrir como está este caminho.
O WAZE de uma empresa está em se ter uma boa Administração Financeira, uma boa Análise Econômica e um bom Planejamento Estratégico. Com estas ferramentas, tem se os caminhos e serem percorridos. E como o WAZE, se houver algum imprevisto, elas indicarão uma nova rota. E quanto mais apuradas estas ferramentas, serão dadas em que tempo se darão para sair da crise. Com isso se diminui a ansiedade e tensão.
Infelizmente a maioria das empresas não tem estas ferramentas. Vão tocando a crise conforme vão aparecendo os problemas, que muitas vezes surgem de uma vez e em grande número. Às vezes até conseguem sair da crise, porém com sequelas fortes, como perda grande de patrimônio, desperdício de recursos com juros, grandes estresses e adoecimento.
Em minha última experiência, fiz todo o diagnóstico de uma empresa, os controles, o planejamento e descobrimos que a situação era até de penúria. Porém, cheguei à conclusão que o que eu fiz foi acender os faróis da empresa. Enxergou-se os enormes buracos e obstáculos que a estrada tinha.
O meu trabalho foi interrompido, mas com criatividade e coragem, o novo gestor, com sua diretoria, superará os problemas, pois já sabem onde eles estão.
Márcio José Ramos
