Uma Experiência de Atitude na Empresa

Uma Experiência de Atitude na Empresa

No início da pandemia, recebi uma ligação, coisa cada vez mais rara, de um velho amigo meu. Não nos falávamos há tempos, já que a distância física se tornou grande com o meu retorno para o interior. Queria trocar ideia sobre a empresa dele, uma prestadora de serviço na área de assistência técnica. Uma empresa pequena, com faturamento anual entre 1,5 e 2 milhões de reais. A empresa vinha protelando o pagamento de impostos há cerca de 4 anos, parcelando e reparcelando os débitos.

Tudo tem um limite e a empresa já tinha chegado no limite. Comentou ainda que estava na segunda empresa, pois a primeira tinha tido problemas financeiros há cerca de 15 anos atrás, só que daquela vez tinha tido problemas com empréstimos bancários. E agora estava pensando em abandonar esta empresa e partir para uma terceira jornada. O que eu achava?

A situação deste meu amigo não é diferente de milhares de empresas que vão sucumbindo ao longo do tempo. Como a maioria dos empresários, de micro a médias empresas, não tem em suas empresas uma administração financeira, uma análise econômica de custos e margens, e muito menos um planejamento estratégico. O resultado acaba sendo o final, senão de uma empresa, pelo menos de um CNPJ.

As histórias se repetem. Inicia-se o negócio, ou herda-se ele, e não se investe um mínimo de tempo e de energia em administrá-lo com controle. Na realidade, o que estas empresas têm é um prejuízo, às vezes constantes, às vezes sazonais, que vão corroendo seu capital e suas reservas, depois o patrimônio dos sócios, e devagarinho vai caminhando para a insolvência.

Continuando a conversa com o meu amigo, falei do prejuízo constante que a empresa dele estava tendo, pois se não conseguia pagar os impostos, ela não estava cobrindo todas as despesas. Ele ainda argumentou que todos os financiamentos bancários estavam em ordem, que a situação não era tão ruim. Pois é, continuei argumentando, mas ele precisava pagar os impostos, não tão altos assim, afinal ele é optante pelo SIMPLES.

Ainda falei que ele precisava mergulhar nos números da empresa e descobrir onde estava realmente o problema, se na margem de contribuição dos serviços prestados, se nas despesas fixas, ou mesmo no pró-labore dos sócios. Quando enfim ele me confessou que tinha receio de abrir os números e descobrir que a empresa era inviável.

E é assim mesmo que fazemos quando encontramos os problemas difíceis. Às vezes fugimos deles, por medo de não darmos conta de resolvê-los. A situação vai se agravando e, quando aparece alguma crise de mercado, como esta que estamos passando, jogamos a culpa na crise. E se não resolvemos o problema, pelo menos ele está justificado.

Por fim argumentei que ele era um empresário corajoso, pois não é fácil tocar uma empresa em um país tão complexo, e com certeza bastante criativo, pois estava há quase trinta anos no mercado. Então, se ele de fato se colocasse à frente dos problemas reais, com certeza conseguiria resolvê-los, era uma questão de tempo, persistência e paciência. Precisava de uma atitude firme dele para iniciar esta caminhada.

Parece que ele aceitou os meus argumentos. Começou a se mexer. Contratou um profissional para atendê-lo. O que ele fez? Comentamos no próximo artigo.

 

Márcio José Ramos